Vamos desmistificar aqui duas das maiores desinformações que podem prejudicar quem teria possibilidade de se beneficiar do tratamento.
O uso medicinal gera dependência
Um mito que gera bastante incerteza é a questão de um possível vício quando a Cannabis é usada de forma medicinal, o que não é verdade. O primeiro ponto a ser elucidado é que nosso corpo produz substâncias similares às presentes na Cannabis, chamadas endocanabinoides e, por isso, elas são bem toleradas pelo organismo.
Em segundo lugar, a substância mais utilizada para fins terapêuticos é o CBD (canabidiol), composto que não provoca qualquer efeito de dependência, assim como outros canabinoides presentes na planta. Existem também medicamentos com o THC, responsável pelo “barato” da maconha, prescrito para situações bastante específicas. Mas, nesse caso, as quantidades são controladas, o que não permite que o vício se estabeleça. Portanto, o uso com acompanhamento médico é bastante seguro.
Em dezembro de 2020, a OMS reconheceu as propriedades terapêuticas da Cannabis e a retirou da lista de substâncias perigosas como a cocaína e o crack.
A cannabis medicinal é proibida no Brasil
Isso também não é verdade. Desde 2015, a ANVISA autorizou a importação de produtos à base de Cannabis no Brasil, através da RDC 660/2022. Para se ter uma ideia, mais de 40 mil pacientes importaram produtos para uso medicinal só em 2021.
No final de 2019, a ANVISA ainda aprovou mais uma resolução, permitindo a venda nas farmácias brasileiras. Até agora, 18 produtos foram aprovados, embora apenas cinco estejam efetivamente nas prateleiras.