Muito popularizada na medicina estética, a toxina botulínica tem sido estudada no tratamento de afecções neuromusculares há mais de um século.
Trata-se de uma proteína resultante da fermentação da bactéria Clostridium botulinum, sendo um potente bloqueador das sinapses dependentes do neurotransmissor acetilcolina, provocando um relaxamento muscular prolongado. Dos sete sorotipos da toxina produzida pelo Clostridium, o tipo A é que tem maior aplicação clínica.
A ANVISA aprovou o uso terapêutico da toxina botulínica no Brasil há quase 30 anos e várias marcas estão disponíveis hoje no mercado. Dentre as indicações terapêuticas mais frequentes, estão as espasticidades (rigidez muscular) decorrentes de AVC ou paralisia cerebral, distonias cervicais ou de membros e disfunções da ATM, como o bruxismo. Estudos recentes têm demonstrado bons resultados também com a aplicação da toxina botulínica no tratamento da dor miofascial, da enxaqueca, de cervicalgias crônicas, como o torcicolo espasmódico, e da síndrome do desfiladeiro torácico. Tem sido demonstrado que, além do relaxamento muscular, a toxina também diminui a excitabilidade das fibras nervosas relacionadas à percepção da dor. Para que os resultados esperados sejam alcançados, no entanto, é necessária a aplicação da neurotoxina nos pontos exatos.
A grande vantagem da toxina botulínica sobre as medicações tradicionais orais é o maior tempo de ação, permitindo que a fisioterapia seja feita neste período com melhores resultados. O efeito da toxina geralmente se inicia no terceiro dia após a aplicação e dura em média 4 meses, podendo variar de 3 a 6 meses, dependendo de uma série de fatores. Além disso, evita os efeitos adversos indesejáveis dos antiinflamatórios (complicações gástricas ou renais) e dos relaxantes musculares (sonolência e sedação).
É importante salientar que, para sua eficácia e segurança, a toxina necessita de condições adequadas de armazenamento, uma vez que apresenta perda das suas características em temperaturas elevadas, além da aplicação por um profissional habilitado.